Glocal Experience Amazônia

Por g1 AM


Abertura da 'Glocal Experience Amazônia' aconteceu na manhã deste sábado (26), em Manaus. — Foto: Nainy Castelo Branco/Rede Amazônica

A Glocal Experience Amazônia teve inicio em Manaus com a leitura de uma declaração sobre ambiente sustentável, neste sábado (26). A carta foi feita por entidades para o mundo inteiro e traz reflexões a respeito da importância do tema. Leia a carta abaixo.

O evento acontece no Centro Histórico de Manaus, com palcos distribuídos entre o Largo São Sebastião, Teatro Amazonas, Palácio da Justiça e Hotel Juma Ópera.

Glocal Amazônia começa neste sábado, em Manaus

Glocal Amazônia começa neste sábado, em Manaus

Diversos palestrantes integram a programação extensa e diversa que busca conectar profissionais de diversos segmentos da sociedade focados em colocar a Amazônia e a sustentabilidade de suas como populações como foco dos debates públicos na capital amazonense. A Glocal é uma realização da Fundação Rede Amazônica com apoio do governo do estado.

Leia a carta na íntegra:

Declaração conjunta de crianças e adolescentes: #ecohope é a única opção.

Tradução: Maria João Rito Ribeiro

O planeta está dividido entre a vida e a morte das espécies que o habitam, devido às alterações climáticas.

As medidas que estão a ser tomadas por aqueles que podem mitigar este fenômeno são pouco ambiciosas, se não mesmo insuficientes e vagas.

Este fenômeno tem múltiplos efeitos na vida quotidiana dos seres humanos, mas estes tendem a causar maiores danos a grupos populacionais específicos, como as crianças e os adolescentes nos países do sul global; para garantir os direitos básicos das crianças, precisamos de políticas de mitigação e adaptação às alterações climáticas e da inclusão daqueles de entre nós que sofrem os efeitos mais dramáticos e vêem o seu presente e futuro comprometidos.

A partir do Movimento Guardianes por la vida, convocámos diversas organizações e plataformas de crianças da América e da Europa para formar a "Coligação Ecohope" com o objectivo de nos mobilizarmos para exigir o nosso Direito a um Ambiente Saudável como um Direito Humano num contexto de crises planetárias que ameaçam a vida.

A Coalizão Ecohope parte da ideia de que crianças e adolescentes são sujeitos políticos, com voz potente e uma cidadania que colocamos a serviço da vida. Realizamos ações que buscam fomentar a consciência ambiental dos cidadãos com ecohope e exigir dos governos que governem para a vida e tomem medidas climáticas responsáveis JÁ!

Apesar dos lentos avanços na inclusão das nossas vozes e agendas nos espaços de participação, representação e incidência política, constatamos com tristeza que continuamos a ser os convidados de pedra daqueles que "nos têm em conta" não só as entidades governamentais mas também as entidades que trabalham "para as crianças e os bebés"; Parece que o lema é "Pelas crianças, para as crianças, mas sem as crianças"; os espaços de participação dos cidadãos com menos de 14 anos são inexistentes e somos condenados ao silêncio e, no melhor dos casos, à crítica por querermos participar nas decisões que nos envolvem.

Por esta razão, e porque acreditamos firmemente que somos os cidadãos poderosos de agora, queremos mobilizar esta Declaração, porque queremos que as crianças tenham uma participação real, representativa, substancial e igualitária.

Não nos vemos incluídos nas Declarações feitas por outras faixas etárias, como os jovens, porque nunca podemos comparar as experiências, expectativas e vivências das crianças e adolescentes com as de outras faixas etárias e afirmamos que quando nos colocam no mesmo espaço de reivindicações e propostas, fazem-no para "preencher" um espaço que não expressa os nossos verdadeiros sentimentos.

É por isso que deliberámos e reunimos colectivamente as petições que se seguem, com a certeza de que estamos a contribuir para a construção de uma sociedade que deixe para trás o centrismo adulto que nos silencia e magoa, e que ultrapasse a pior crise que a humanidade enfrenta, que é a crise sem futuro: a crise climática.

SOLICITAÇÕES:

GARANTIA DE DIREITOS: Observamos que as crianças do mundo, apesar dos avanços na legislação e nos Acordos internacionais que nos protegem, continuamos a ter os nossos direitos elementares descobertos, especialmente nas regiões do Sul global onde ainda neste momento há crianças que sofrem de fome, insegurança alimentar, doenças devido ao acesso à água potável e ao saneamento básico, não têm acesso à educação por não terem conectividade suficiente em áreas remotas das cidades e até mesmo, em lugares como a América do Sul e África, porque não há estradas em condições adequadas.

Isto requer a vontade política dos governos e da sociedade civil para que a garantia destes direitos, num contexto de crise climática, seja uma prioridade e para que não haja uma única criança no mundo que seja violada ou vulnerável.

Pedimos também que nos seja garantido o verdadeiro direito a um ambiente saudável, que inclui o direito ao ar puro, a zonas verdes nas cidades, a mares livres de plásticos e de poluição, a rios e montanhas, a montanhas cobertas de neve e a charnecas e outros ecossistemas conservados.

CIDADANIA, CLIMA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: O planeta está a atravessar a pior crise da história recente, a crise climática que ameaça a vida dos seres humanos e de outras espécies; este é o fracasso de uma sociedade que não teve em conta a vida, transmitindo uma educação bélica que é evidente nas muitas acções que praticamos.

É por isso que, como crianças que veem o nosso presente comprometido, exigimos aos governos que nos deem:

Educação para a cidadania: Sermos capazes de levantar a voz como sujeitos políticos que compreendem que as ações individuais têm consequências coletivas e que a mobilização para causas que melhorem o mundo é legítima e tem a ver com os nossos direitos.

Educação ambiental: Para nos permitir reconhecer a biodiversidade presente no nosso planeta e amá-la, respeitá-la, cuidá-la e defendê-la.

Educação climática: Para nos permitir compreender o que são as alterações climáticas, como nos afetam e dar-nos ferramentas para mitigar e adaptarmo-nos a este fenômeno que afeta as nossas vidas e as nossas infâncias.

No entanto, este é também um apelo à sociedade civil, porque ensinar as pessoas a amar a vida não é apenas uma obrigação dos governos, mas também das famílias e das comunidades.

POLÍTICAS REAIS DE ADAPTAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS NOS TERRITÓRIOS: Isto inclui a adaptação das infra-estruturas e a inclusão de elementos que tornem as cidades sustentáveis, respeitando todas as formas de vida; não queremos que as crianças do Sul global tenham de pôr em risco as suas vidas sempre que vão para a escola, expondo-se a condições indignas que afetam a sua qualidade de vida e que serão cada vez mais agravadas pela crise climática.

Nós, que vivemos no Norte global, estamos conscientes das condições de injustiça geradas pelas desigualdades entre o Norte e o Sul global, e somos solidários com as crianças que não tiveram o mesmo acesso aos direitos que nós tivemos.

MAIORES ESPAÇOS DE REPRESENTAÇÃO E PARTICIPAÇÃO EM ESPAÇOS REAIS DE TOMADA DE DECISÃO: Congratulamo-nos com o facto de existirem cada vez mais espaços de representação e participação em locais de tomada de decisão, mas acreditamos firmemente que esses espaços ainda precisam de ser não só de representação, mas também de participação.

Queremos ser reconhecidos como um grupo populacional diferenciado das demais faixas etárias e que possamos desenvolver lideranças que precisam de condições para se empoderar de fato, que nos permitam colocar nossa cidadania a favor da vida e assim gerar as transformações que este momento da história nos exige.

Por fim, apelamos aos governos do mundo para que descarbonizem a vida, descarbonizem a economia e façam todos os esforços para não permitir um aumento de temperatura superior a 1,5°C, respeitando os compromissos assumidos no Acordo de Paris.

Têm o nosso presente e o nosso futuro nas vossas mãos.

Não deixem que a história vos recorde como aqueles que permitiram este atentado à vida!

Contem com milhões de nós em todo o Planeta para enfrentar este desafio de construir uma sociedade biocêntrica com #ecohope.

Vídeos mais assistidos do Amazonas

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!